Sunday, February 5, 2012

Por que fazer doutorado? (O que fazer aos 20 e poucos anos)

Sempre pensei em escrever um pouco sobre a vida de um doutorando e o porquê de fazer doutorado, mas sempre tive preguiça. Começo a escrever e paro na metade. Recentemente rolou uma pergunta: porque você quis ser cientista? Como tem muito, muito, muito tempo que não atualizo esse blog. Resolvi aproveitar essa oportunidade pra escrever minha experiência por aqui.


A essência de se tornar um pesquisador está na curiosidade. É estar sempre pensando como as coisas funcionam. 
Mas isso não é exclusivo de um pesquisador. Diria que é do ser humano.
Gonzaguinha já cantava `o que é, o que é?`, se perguntando sobre o que é a vida. Só sabendo que `é bonita, é bonita e é bonita!`.
Eu também sempre quis entender como a vida funciona, mas com uma abordagem mais quantitativa.
Por isso acabei cursando biologia com um pouco de matemática.


No mestrado estudei o que leva uma sequencia de aminoácidos se dobrar em uma estrutura 3d. Processo essencial para a função das proteínas. É uma área interessante. Uma proteína mal dobrada pode até causar doenças (por exemplo, a doença da vaca louca, mal de Alzheimer, mal de Parkinson). Mas ainda não me sentia completamente satisfeito.
Diria que 90% das pessoas que terminam um mestrado saem confusos sobre o que quer da vida. Os outros 10% simplesmente sabem que não querem mais saber de estudar...
Também diria que 80% das estatísticas apresentadas são feito na hora, inclusive essa. Mas enfim, isso não importa agora.
O que importa é que para mim não foi diferente, terminei o mestrado e não sabia o que eu queria da vida. No sentido profissional, fazer pesquisa não me parecia tão divertido. No pessoal, continuava fazendo o que sempre gostei de fazer, mas queria explorar algo novo, mais aventura.


O fato é que é difícil saber aos 24 anos o que a gente quer da vida. E isso não é exclusivo para aqueles de área científica.
Se eu ficasse em Brasília, arranjasse um emprego público, ia ser um bom caminho. Mas fazer pesquisa podia ser excelente!
... ou não.
 Por exemplo, sabia que não vale a pena gastar 5 anos estudando num doutorado e ficar insatisfeito no final. Mas também sabia que não queria, aos 24 anos de idade, engessar minha vida em um emprego que eu ia trabalhar já pensando em me aposentar aos 60.
Sabia também que não há outra maneira de descobrir se queria ou não fazer pesquisa sem me arriscar num doutorado.

A vida segue e a gente não pode ficar parado. Na dúvida, resolvi arriscar um doutorado fora, em uma área nova, que ainda conseguisse juntar a minha curiosidade por biologia e matemática: Bioinformática. O que é bioinformática? De maneira, simples, eu diria que a gente estuda a vida a partir do genoma. Não existe melhor maneira de estudar a evolução das espécies do que comparando a conservação de sequências no genoma. Mas bioinformática não se restringe a evolução.
Meu foco de estudo, por exemplo, é a rede de regulação dos genes de M. tuberculosis.


O que posso dizer é que o doutorado vai além de fazer pesquisa (e claro, a vida muito além do doutorado).
É uma oportunidade de explorar o mundo, conhecer pessoas novas, várias culturas. É um momento de sair de onde moramos e conhecer a nós mesmo. É fazer algo que te desafie de verdade, e você nem sabe se vai conseguir ou não. Tudo um um pouco confuso, meio nebuloso. Mas uma coisa parecia certa. Eu finalmente ia aprender a assistir filmes em inglês sem legenda!

E para concluir, nada melhor que mais algumas palavras do grande Gonzaguinha: "a beleza de ser um eterno aprendiz". Não sinto nada menos do que ser um eterno aprendiz!

4 comments:

Barbetta said...

Parece que foi ontem que a gente começou a ter aqueles papos em inglês e eu reclamava cada vez que você dizia que talvez fazer concurso m Brasília era uma opção mais confortável.

Talvez fosse mesmo, mas que bom que você resolveu aproveitar a experiência menos familiar e que gostou de optar por isso.

Só corrige esse quiZ aí, seu estudante americano...

Bjos

carollrtp said...

já me vejo com o mesmo discurso que o teu. acho que estou no caminho certo :)

Carol said...

Tonhão lindo!! saudades sempre!! Beijos, Carol mamãe

antluiz said...

ehehe. Valeu pelos comentários!

Lu, corrigi o `quiz`. Ficou bom assim? Sabe como é, essa mudança nas regras do português ferrou minha vida... :P